quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eu não esqueço

Hoje a postagem é longa porque quero desabafar, posso? Não gosto de ler textos grandes e acho que vocês também não, mas tem horas que a gente precisa descarregar o que sente sem medo de ser feliz. Esta postagem pode não ter nenhuma leitura ou comentário, mas vai me fazer bem um dia que eu encontrá-la nos meus arquivos. Ok, lá vai...


Minha aproximação com a religião e a igreja católica começou na dor. Quando era mais novo, sempre fui católico do tipo BEM relaxado. Missa para mim era sinônimo de tortura, dava sono e parecia uma brincadeira de morto e vivo, de tanto que os fiéis ficavam em pé ou sentados para escutar a palavra de Deus.

Uma vez o meu avô (por parte de mãe) descobriu um câncer e precisou fazer quimioterapias, além de uma cirurgia arriscada. Quando a doença bate na porta de uma família e você não tem mais o que fazer, só resta uma opção: Ter fé! Não havia outra coisa a ser feita, além de todos irem buscar uma igreja para pedir saúde ao meu vô, invocando um Ser que acreditamos ter a Lei da Vida na palma da mão.

Meu vô venceu o câncer, mas veio a falecer alguns anos depois por complicações em outra cirurgia. Quem teve um câncer ou algum caso na família, sabe bem a complicação que é. Você tira, mas há grande probabilidade dele voltar em outro lugar e então se faz radioterapia, quimioterapia... um monte de coisas em busca da cura. No caso do meu vô, a cura veio. Porém, a radioterapia prejudicou outros orgãos dele.

Já ouviram falar em Colostomia? Esta palavra com link significa um procedimento cirúrgico onde se faz uma abertura no abdome (estoma) para a drenagem fecal (fezes) provenientes do intestino grosso (cólon). Foi isto que meu vô fez, para evitar a dor. O caso dele era reversível, mas quando ele foi colocar tudo novamente no lugar (depois de vários meses) teve uma complicação na cirurgia e veio a falecer no dia 24 de maio de 2006.

Foi um choque na minha família, pois era bem na cirurgia mais tranquila. O meu vô só teve filhas (quatro), então nem preciso lembrar como as mulheres são apegadas ao pai. E a falta de um irmão para elas, deixou mais marcante a ausência da figura paterna como protetor na família. Ampará-las foi uma questão muito difícil e - até hoje - ainda há recaídas de choro, tristeza, dor e saudade em uma das filhas. Deus há de tocar pra aliviar essa tristeza.

No geral, a família está bem. A dor passou, seguimos a rotina normal e só restaram as lembranças (boas, principalmente). Só que eu não fui mais o mesmo. Neste período, conheci celebrações animadas (carismáticas) na igreja católica e fui me apegando cada vez mais. Quando tu sentes a presença de um Deus vivo, há um conforto que refrigera nossa alma. Não é sinal de que NUNCA mais haverá problemas. Eles ainda vão continuar, as injustiças vão aparecer, mas a gente se sente mais forte e confortado.

Hoje eu frequento toda terça-feira uma missa carismática da minha cidade. Quando falto, parece que a semana não é mais a mesma coisa. Fica um vazio, um sentimento de que perdi algo precioso... difícil de explicar, pois gostamos de estar onde nos sentimos bem. Não foi fácil achar uma celebração, um padre e um lugar que me fizesse sentir bem comigo mesmo e ficar mais próximo de Deus. O padre e uma boa banda é o que dá todo toque na missa. Se você pega um dos dois sem graça, perde todo o sentido (fica chato).

Nessa igreja que frequento, o padre parou de dar sermão e agora coloca testemunho de pessoas depois da leitura da palavra. Um deles me marcou especialmente: uma vez um homem disse que só se interessou em saber de Jesus quando estava no leito de morte da UTI. A esposa dele ia sempre rezar e pedir por ele, mas ele só queria saber de outros caminhos. Até que um dia adoeceu e foi parar no hospital.

A única coisa que o animava era a fé da esposa e a visita dos amigos. Ele disse que o poder da visita para um paciente, é mais forte e milagroso do que o remédio ou o soro que pinga na veia. Quando os médicos já não davam mais esperança, ele se atreveu a rezar. "Deus, estou pronto para partir. Não deixe a minha esposa sofrer, mas eu não posso mais ficar nesta situação. Chega de dor", e então adormeceu.

Durante aquela madrugada, ele sentiu um calor numa massagem no corpo. Não sabia explicar o que era, mas como estava bom ele permitiu continuar. Na manhã seguinte a dor havia aliviado e ele perguntou para enfermeira se alguém foi no quarto dele de madrugada. Ela disse que ninguém passou lá, e na mesma hora ele pensou que foi um toque de Jesus. Depois de alguns dias ele saiu da UTI, melhorou e agora é um novo homem afim de servir a comunidade.

Fiquei muito emocionado com as palavras dele. Dizem que a fé move montanhas, certo? Mesmo que a ciência insista em desmistificar a presença de Jesus, eu creio. Os médicos consideraram um milagre o caso deste homem e não conseguiram explicar o que aconteceu de forma convincente. O importante é que ele estava lá, forte e vivo para contar essa história que mexeu com todos. Ele terminou o testemunho dizendo: "Eu conheci Jesus pela dor. Mas vocês podem conhecê-lo pelo Amor".

Mais que demais!!! Pra finalizar, vou postar uma música do Diego Fernandes que a banda tocou na hora da passagem do santíssimo. Eu nunca tinha escutado e agora ela me marcou. Compartilho de presente para quem conseguiu ler essa postagem longa até aqui =)

Eu não entendo um Deus assim
Tão louco de amor por mim
Eu não mereço, sou tão fraco,
Porquê ele me escolheu

E para confundir os fortes
Gravou meu nome em sua mão

Deus você me levantou do chão
Enquanto a multidão jogava pedras
Deus voce me perdoou
E desse amor eu não esqueço


"Deus você me levantou do chão, enquanto a multidão jogava pedras"

4 comentários:

  1. Lipe, chorei lendo, chorei vendo vídeo, ouvindo a música, não a conhecia...
    E é tão verdadeiro. A gente pode encontrar jesus pelo amor e já estar por perto na dor, mas somos contrários...
    Eu sei o que passou e ainda passa sem seu avô, sinto dizer, mas o buraco não vai se fechar nunca Lipe... nunca.
    A gente naõ é mais a gente sem um pedaço que se foi...

    Obrigada por este post, de coraçaõ!

    beijos querido!

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  2. Eu sou católica relaxada hauah
    Graças a Deus nunca teve ninguem na minha familia com essa doença maldita...eita doença ingrata :(
    Admiro tua dedicação :)

    :*

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  3. Quanto mais me aproximo de Deus, mais apaixonada eu fico. Fiquei emocionada com a história daquele homem. Obrigada por compartilhar, bjs

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  4. é independente de qual seja a religião nos da força para seguir em frente principalmente em momentos como esses,não é atoa que uma pesquisa mostra a religião em primeiro lugar para alcançar a satisfação
    Obs:sinto muito o que aconteceu com seu avô a pouco tempo perdi um tio com o mesmo poblema.abraço...

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