Outro postou: "Finalmente chegou minha tão desejada férias. Agora é aproveitar longe do computador". Bah, já faz dois anos. Será que não é hora de voltar destas férias? Pra onde você foi? Compartilhe conosco, poxa... Li também: "Depois de um dia cheio agora é deitar, assistir filme e comer uma pipoquinha. Delícia". Caramba, morreu engasgada com a pipoca? O filme era legal? Por que nos abandonou? Volta! "Cansei dessa cidade de mentes pequenas e povo ignorante. Queria tanto me mudar para longe daqui". Te entendo perfeitamente, e estou aqui caso precisares desabafar. Mas cadê você? Conseguiu mudar de cidade, estado ou país? O que aconteceu na tua vida nestes últimos dois anos?
As redes sociais têm este poder de nos aproximar de pessoas que estão longe. Muitas se tornam queridas e especiais sem nem ter a noção disso. Só pelo fato de ler um pedaço da sua vida compartilhada em qualquer rede, já é motivo para empolgação. Afinal de contas tudo que postamos no Twitter, Facebook, blog etc é um pedaço do livro da vida que estamos escrevendo. Ali estão angústias, aflições, questionamentos, comemorações, momentos de felicidade... tudo fica registrado. E, independente do usuário, cada um traça sua história em busca de uma vida melhor. Quando uma pessoa querida desaparece da rede, o elo que nos mantinha unido é quebrado. Histórias de lutas, sofrimentos, conquistas e vitórias deixam de ser registrados e compartilhados com quem se criou uma afinidade espontânea.
"Ah, mas quem sente saudades e se importa realmente com a pessoa liga, manda mensagem e vai atrás pra ver se está tudo bem com ela", concordo. Porém há uma diferença entre admirar alguém virtualmente gostando do que ela escreve, e ser amiga dela na vida real. Principalmente na internet, onde grande parte dos meus contatos moram mais de 500km longe de mim. Até pensei em ligar para algumas pessoas dizendo "Oi, você não me conhece, mas eu te seguia no Twitter e quero saber porque você abandonou aquela rede. Tá tudo bem contigo?", mas é claro que iriam me chamar de louco. Outra opção era sugerir uma pauta pro Globo Repórter: "Pessoas que não atualizam nenhuma rede social ou abandonam o perfil cadastrado. Como vivem? O que fazem da vida? Como conseguem ficar longe disso?"
Lembro de quando fiz uma limpa nos contatos antigos no MSN e foi essa mesma angústia. Pessoas que foram importantes um dia pra mim, sumiram e ficaram offline para sempre. Tantas horas de conversas, desabafos e conquistas compartilhadas que ficaram perdidas com o tempo. Inúmeras trocas de músicas que marcaram uma fase da vida, e que agora foram parar na lixeira. Dizem que devemos deixar estas pessoas partirem para dar espaço as outras que estão chegando. Mas é triste ver como perdemos muita coisa com o tempo. Nessa postagem eu exemplifiquei o abandono numa rede virtual, mas na vida real o cenário não é diferente.
Quantas pessoas passaram pela nossa vida, fizeram um bem danado e desapareceram ao sabor do vento? De vez em quando me pego pensando: "Como será que está fulano(a)? Será que continua com aquelas manias de antigamente? Bons tempos...", estas lembranças surgem nesta fase que atravesso de questionador e nostálgico. Agora entendo profundamente o que disse este autor desconhecido:
"Sempre achei a vida irônica, principalmente a forma como algumas pessoas entraram e saíram dela. Na verdade, sempre achei irônico o fato de nunca ficarem. Permanecer também é um verbo em extinção".